quarta-feira, 28 de maio de 2008

O florescer das cores



Hitoe com padrão de cerca de bambu e fonogramas, de crepe de seda branca - traje típico de verão.



Kosode com padrão de montanhas e rios da China, Yûzenzome em crepe de seda verde-claro - o branco das ondas é feito graças à técnica de Yûzenzome, que vedava por encolagem parte do tecido.



Furisode com padrão de névoa, galhos pendentes de flores de cerejeira e correnteza - veste do teatro kabuki.

Você já deve ter notado que a moda anda caída de amores pelo Oriente. Mangas largas, gola mao, estampas típicas, vide Balenciaga. Tudo com um perfuminho japonês-chinês. (Sim, porque a cultura japonesa deve muito à chinesa). O mais bacana é aprender que a moda, no Oriente, sempre foi assunto levado a sério. Fui visitar a ótima exposição O Florescer das Cores, na Pinacoteca, e saí encantada com a riqueza dos quimonos e todas as suas variações - para cada tamanho de manga há um nome específico (Hitoe, Kosode, Katabira etc), existem os de interiores e os de ocasiões formais, os com e sem forro etc etc. Para se ter uma idéia de como tudo era fashion desde tempos remotos, a estampa de cada peça determinava a estação do ano em que ela deveria ser usada. Ou seja, eles já lidevam com a idéia de coleções no período Edo, que vai do século XVII ao XIX. Outro indício de que a moda era importante em todas as castas sociais é que, se não havia revistas de moda, não faltavam publicações sobre "o" tema. É de 1666 o livro Go Hiinakata (Grandes Modelos de Quimono), espécie de revista Manequim da época, que mostrava os modelos mais desejados e a maneira de fazê-los. O desenvolvimento da indústria têxtil e das técnicas de estamparia foi fundamental para consagrar a arte dos quimonos e a moda japonesa. Crepes de seda, brocados, adamascados e veludos dividiam espaço com tie-dyes e batiks, entre outros. Em 1687, foram contabilizados 27 tipos diferentes de tingimento! E tem gente que ainda acha que tie-dye é coisa dos hippies dos anos 1970...A moda faz parte e retrata a história da humanidade (e é uma delícia viajar no tempo com ela e ver como viviam pessoas de tempos e lugares tão distantes e diferentes). Um pedacinho dela pode ser visto até o dia 22/06, aqui em São Paulo. Corre!

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Em busca do resort perfeito





Looks Chanel Resort Collection 2009. Fotos Style.com

Adoro a idéia de resort collections. O nome já dá a sensação de um clima de férias, embora a idéia seja meramente comercial - ter coleções entre coleções e garantir vendas o ano inteiro. Mas o fato é que elas realmente são mais leves, com peças que parecem te convidar para balneários e pequenos paraísos na Terra. Talvez esteja justamente aí o encanto delas. Na correria do dia-a-dia, em que temos de estar impecáveis 24 horas por dia, as resort collections surgem como pequenos agrados, daqueles que você não precisa, mas merece se dar. Por que não um maiô incrível da Chanel para o seu banho de praia (às 7h da manhã para não estragar a pele ou ficar com marcas!)? Ou uma roupinha confortável, mas linda para curtir um passeio no parque? Tudo, de preferência, em tons pastéis ou estampas alegres para entrar no clima relax.

Isso me faz pensar na onda de "arquitetura da felicidade", em que Alain de Botton e outros seguidores pregam que ambientes alegres ajudam a deixar a vida mais feliz. Johantah Adler, em My prescriptions, vai além e garante que um bom décor é mais eficiente do que anos de terapia! Como disse Maria Ignez Barbosa, em sua ótima coluna no Casa &, do Estadão, troque o Prozac por estampas pop.

Acho que isso também vale para roupas. Embora ame pretos e cinzas e seja fã da alfaiataria perfeita de Yves Saint Laurent, acredito que às vezes um amarelo radiante ou um rosinha tie-dye te faz ver as coisas sob outra perspectiva. E transmite para todo mundo, no mínimo, um pouco mais de diversão e bom-humor. Seja em um pequeno paraíso na Terra ou no caos urbano de São Paulo.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Somos todas concorrentes?




Anna Wintour (Vogue América) e Carine Roitfeld (Vogue França): eternas "vítimas" do quem é melhor. Vamos trabalhar, gente!

Não sei se é a atmosfera do trabalho, a vaidade ou se é simplesmente "cool". Mas, o fato é que, na moda, essa síndrome da concorrência está na cara de muitas pessoas - sempre com a garantia de render burburinhos, vide a eterna polêmica Anna Wintour e Carine Roitfeld. É claro que o mundo profissional é competitivo por natureza e que revistas e jornais são concorrentes diretos. Mesmo assim, quando trabalhava em rádio, por exemplo, existia uma certa solidariedade que é artigo de luxo na moda. Perdeu a declaração do prefeito? Ah, toma aqui que eu te empresto... não vejo isso acontecer muito entre araras e desfiles...

Na moda, a moda parece ser um tanto quanto blasé. Outro dia, ouvi de uma amiga a seguinte frase: "quando você diz para alguém do mundinho que ela está bonita, a resposta é um seco 'ah, você acha?'". Tipo não tô nem aí para a sua opinião. Ou pior, se você achou é melhor eu não usar mais...ou quem é você mesmo?

Às vezes, a coisa piora e vem mesmo na forma de má educação. Os exemplos são caricatos e vêm da literatura, mas estão aí. Gay Talese conta que no prédio da Condé Nast dava para saber quem trabalhava na revista de moda pelo simples fato da pessoa não dizer bom dia ao entrar no elevador. Bom, Miranda Priestley, em O Diabo Veste Prada, se recusava a dividir o elevador. Ficção? Já vi assistente guardando lugar na fila do banheiro do SPFW e editora furando a mesma fila com a desculpa do "eu estou trabalhando". Bom, não estamos todas?

Exceções, claro, existem. Ou o mundinho seria insuportavelmente chato. Nos blogs de moda, por exemplo, as pessoas perdem um pouco a aura do "eu sei tudo" e trocam informações, incentivam umas às outras, dão idéias. O exemplo mais bacana que vi recentemente é a iniciativa das meninas fofas do Oficina de Estilo + a expert em beleza Victoria Ceridono, do dia de beauté + a especialista em it girl Alê Garattoni. As três estão se unindo para promover encontrinhos com as leitoras e amigas...o próximo acontece neste domingo.

Porque mesmo na moda ou na beleza, universos narcisistas por excelência (estou falando só da ponta, tá gente, sem levar em conta a enorme indústria, que movimenta milhões de empregos), dá para ser amigo (ou será que eu estou meio Amelie Poulin?). Realmente acredito que seria mais divertido se todo mundo fosse legal :). Porque o trabalho, quando é bem feito, fala por si. Não precisa de carão, de puxar tapete ou de encarar o outro como se ele sempre quisesse o seu lugar. Isso é tão old fashion...

sábado, 10 de maio de 2008

Tal mãe, tal filha



Bee Shaffer, incrível, com vestido Nina Ricci, na festa do Met. A mãe dela? Anna Wintour. Precisa dizer mais?

quarta-feira, 7 de maio de 2008

That dress e o novo masculino



Foto: Adelaide Ivánova/Chic
Eu e Glória Kalil com "o" vestido by André Lima

Eu tenho, Glória Kalil tem, Costanza Pascolato, não contente com um, comprou dois. Camila Pitanga tem, Regina Casé idem, Simone Monte (dona do bistrô Sophia) e Simone Esmanhotto também. E até Patricia Carta, que sempre aparece por aí com calças de alfaiataria, se rendeu ao vestido da foto acima. Feito inicialmente para ser uniforme do staff de André Lima, O vestido conquistou muita gente. Pudera, é lindo, né não? Tem estrutura em tubo e uma manga sino megaincrível. O modelo faz parte da linha Dia, lançada ano passado por André e repleta de modelos + curtos feitos de algodão e tricoline (os preços são ótimos) e bem fashion.

Outra criação do estilista que promete virar hit é a linha de T-shirts (da nova coleção masculina, lançada oficialmente no próximo dia 17) com estampas inspiradas em filmes de terror - Nosferatu e Frankestein, entre outros. Costanza, sempre na frente, já comprou a sua com estampa do filme O bebê de Rosemary. Eu ainda estou na dúvida e resolvi esperar para ver todas no dia do lançamento. Mas, como tava difícil de segurar o impulso quero-já, encomendei uma blusa com modelagem feminina, mas tricoline de uma das camisas sociais do masculino - essa, amiga, espero, vai ser exclusiva. Puro luxo!

Mulheres no topo




Looks do inverno 2008

Sempre fui fã (e consumidora) do trabalho da estilista Cris Barros. Desde quando a marca ainda se chamava Wardrobe e estava no baixo Jardins, quando o baixo ainda não estava no topo, eu me encantava com os vestidos românticos, calças de alfaiataria e casacos incríveis feitos por ela. Isso sem falar da linha de t-shirts superbásicas e superfofas - tenho até hoje uma que comprei há quase três anos com a estampa do Zorro, o cachorro da Cris. Claro que nem tudo era perfeito. Teve uma época em que o acabamento, por exemplo, deixava a desejar. Mas logo Cris resolveu a questão e foi, de vestido em vestido, expandindo a marca que passou a levar o seu nome. Hoje, atrasada, fui conhecer a nova loja, na rua Vitório Fasano. O lançamento era ontem, mas, por um erro de agenda, achei que fosse hoje. Tudo bem. Deu para ver a loja sem muvuca - o espaço é enorme - e mais uma vez conferir as peças de inverno, inspiradas no Butão, de perto. Isso sem falar na linha nova, com minivestidos e minitúnicas feitas especialmente para crianças - se a Maria Clara não escolhesse as próprias roupas, meu cartão de crédito teria sofrido uma bela baixa. Bom, pelo tamanho da loja e dos planos - ela também vai abrir um espaço no Shopping Cidade Jardim -, os negócios devem ir de vento em pompa. Não é de se espantar. Poucas marcas entendem tão bem as mulheres de hoje, que trabalham, têm mil e um compromissos, filho, gato, marido, mas que não abrem mão de serem "mulherzinhas", no melhor sentido da palavra. "Toda a mulher quer se sentir bonita", me disse Cris, em um bate-papo recente. Eu não tenho a menor dúvida de que ela tem toda a razão. E de que contribui muito para que isso aconteça.

domingo, 4 de maio de 2008

Arena moderna


Balenciaga, verão 2008: o sapato que meio mundo copiou


Estou numa fase gladiadora. Explico: a sandália, inspirada nos sapatos romanos, que é a cara do verão, bem Saint Tropez, não sai da minha cabeça (e dos meus pés, é claro!)desde o verão passado. Tudo começou em 2007, quando a Chanel fez uma rasteira, mas bem mais alta que os modelos tradicionais (ia até o joelho). Procurei, procurei lá fora, mas sempre estava na estação errada - ou ainda não tinham lançado ou já tinha passado! E tive de me contentar em vê-la nos pés da Daria ou da Mary-Kate Olsen :(. Depois, Balenciaga fez as suas incríveis gladiadoras botas, no verão de 2008 e elas pipocaram mundo afora - no Fashion Rio, Melk Z-da fez versões bem parecidas.

Sem conseguir nenhuma das tops, decidi entrar para a arena com modelos mais humildes mesmo, mas cheios de efeito: comprei duas, uma rasteira preta, na H&M, e uma de salto, cinza metalizada, na Emporio Naka. Mas ainda não me dei por satisfeita. Estou namorando o modelo da Tag, marca que descobri recentemente via Oficina de Estilo e que adorei, e achei bem bacana a versão do Studio Tmls (minha preferida é a palmira burned orange, num tom de couro natural). O melhor é que elas são clássicas (pelo menos em todo verão) e agora, com saltinhos e muitos efeitos especiais, chegam também à noite, como ótimas alternativas às manjadas sandálias de festas. Isso sem contar o efeito superpoderosa: você realmente se sente mais forte com uma gladiadora nos pés. Que venham os leões.