
Hitoe com padrão de cerca de bambu e fonogramas, de crepe de seda branca - traje típico de verão.

Kosode com padrão de montanhas e rios da China, Yûzenzome em crepe de seda verde-claro - o branco das ondas é feito graças à técnica de Yûzenzome, que vedava por encolagem parte do tecido.

Furisode com padrão de névoa, galhos pendentes de flores de cerejeira e correnteza - veste do teatro kabuki.
Você já deve ter notado que a moda anda caída de amores pelo Oriente. Mangas largas, gola mao, estampas típicas, vide Balenciaga. Tudo com um perfuminho japonês-chinês. (Sim, porque a cultura japonesa deve muito à chinesa). O mais bacana é aprender que a moda, no Oriente, sempre foi assunto levado a sério. Fui visitar a ótima exposição O Florescer das Cores, na Pinacoteca, e saí encantada com a riqueza dos quimonos e todas as suas variações - para cada tamanho de manga há um nome específico (Hitoe, Kosode, Katabira etc), existem os de interiores e os de ocasiões formais, os com e sem forro etc etc. Para se ter uma idéia de como tudo era fashion desde tempos remotos, a estampa de cada peça determinava a estação do ano em que ela deveria ser usada. Ou seja, eles já lidevam com a idéia de coleções no período Edo, que vai do século XVII ao XIX. Outro indício de que a moda era importante em todas as castas sociais é que, se não havia revistas de moda, não faltavam publicações sobre "o" tema. É de 1666 o livro Go Hiinakata (Grandes Modelos de Quimono), espécie de revista Manequim da época, que mostrava os modelos mais desejados e a maneira de fazê-los. O desenvolvimento da indústria têxtil e das técnicas de estamparia foi fundamental para consagrar a arte dos quimonos e a moda japonesa. Crepes de seda, brocados, adamascados e veludos dividiam espaço com tie-dyes e batiks, entre outros. Em 1687, foram contabilizados 27 tipos diferentes de tingimento! E tem gente que ainda acha que tie-dye é coisa dos hippies dos anos 1970...A moda faz parte e retrata a história da humanidade (e é uma delícia viajar no tempo com ela e ver como viviam pessoas de tempos e lugares tão distantes e diferentes). Um pedacinho dela pode ser visto até o dia 22/06, aqui em São Paulo. Corre!