domingo, 30 de março de 2008

Domingo com estilo

Look do dia



vestido de argyle, Maria Bonita, inverno 2008.

Fashionista de berço





Body da Ralph Lauren baby e vestido (verão) da Maria Bonitinha. Impossível resistir!


Era uma vez uma mãe (ou uma tia ou uma amiga) que adorava moda a tal ponto que não deixava nem mesmo sua filha (ou sobrinha ou amiga) de 6 meses andar (ou engatinhar) por aí em trajes que não fossem adequados (mijão Burberry, pólo Lacoste, macacão Ralph Lauren). Brincadeiras à parte, o baby boom na moda tem rendido muitos filhos. Lá fora, não é novidade e as mães mais "hypadas" podem até encomendar it-bags para suas crias (o caso mais célebre é o de Angelina Jolie, que saiu por aí com uma bolsa Valentino idêntica à da sua filha). Exagero? Alienação? Patricinhas de berço? Muitas podem ser as explicações, mas a verdade é que nenhuma mulher apaixonada por moda e com um bom limite no cartão resiste a tantas fofuras. De olho nesse neo mercado de fraldas grifadas, muitas marcas nacionais acabam de lançar etiquetas mirins: Maria Bonita Extra, Cris Barros, FIT...todas sucesso entre mães e que agora buscam contentar meninas (como a minha filha) que mal vão ao banheiro sozinhas, mas que já querem escolher o que vestir. E que sabem (ou acham que sabem) combinar cores, criticar modelagens e até customizar peças. Hoje, Maria Bonitinha, Cris Barros Mini e VR Kids armam um desfile conjunto no Shopping Iguatemi para mostrar as novidades de inverno. Vou tentar ir, se a Maria Clara concordar. Porque, apesar de adorar escolher as próprias roupas, ela é do tipo prática, que prefere ir à loja e escolher o que quer. Não tem a mínima paciência para desfiles: acha uma chatice as modelos andando de lá para cá e não suporta esperar mais do que cinco minutos depois da hora marcada.

quarta-feira, 26 de março de 2008

Quando R$ 100 viram R$ 1000

Outro dia, conversando com uma amiga sobre os preços das roupas de inverno, ela contou que uma outra amiga dela costumava achar caro pagar R$ 100 em uma roupa. Bom, R$ 100 em 2008 pode ser considerado uma verdadeira pechincha. Deixando de lado as espertas opções brechó, lojas de departamento ou pontas de estoque, é difícil encontrar peças com a cara da estação que não sejam caras, muito caras. Dou minha lista de desejos como exemplo. Sempre depois das semanas de moda, anoto os itens que mais gostei (para uso pessoal e mesmo que nunca os compre). Neste inverno, estão/ estavam na lista: um vestido do Reinaldo Lourenço, que custa mais de R$ 5000! Já desisti, óbvio. Um de argyle da Maria Bonita que é super simples, apesar de lindo, mas que não sai por menos de R$ 1000 - detalhe: a meia combinando com a peça, como apareceu no desfile, custa mais de R$ 700. Uma pantalona linda, linda, da Cori, primeira coleção desenhada por Dudu Bertholini e Rita Comparato, que chegou na loja por R$ 1200. Penso muito em desistir, mas ainda tenho esperança de comprá-la, mesmo que seja na liquidação, se ela durar até lá. Uma blusa de franjas do Herchcovitch masculino que custa R$ 800 e pouco... Tá certo que alguns podem dizer que todas essas peças são de desfile e mais conceituais, apesar de eu achar todas absolutamente normais, prontas pro dia-a-dia ou pra noite, no caso do vestido do Reinaldo. Podem ainda alegar que são os materiais - couro, lã, cashmere - os responsáveis pelo boom nas etiquetas. Mas devo dizer que tudo o que tenho visto por aí está bem salgado, mesmo para quem trabalha com moda e está acostumada a ver preços com muitos dígitos - acabo de ver no Iguatemi um macacão lindo, com estrelinhas à la cruise collection Chanel, mas que custa R$ 1600. Será que ficamos mais pobres? Ou será que o lucro das marcas está nas alturas? Que saudade das peças de R$ 100.

terça-feira, 25 de março de 2008

A bolsa e o mito



Luxo ao extremo: Jane Birkin de tênis surrado, jeans e sua Hèrmes no chão!!!

Recentemente, meu cunhando, que não entende nada de moda, fez um pedido inusitado ao meu marido: queria que ele trouxesse uma Birkin de Paris. Com certeza, a intenção era impressionar alguém. Ele só não sabia que comprar uma Birkin não é apenas uma questão de dinheiro - e olha que ela custa beeeeeeem caro. Ter uma Birkin é uma questão de perseverança fashion. O mito, que começou na década de 1980, depois que Jane Birkin reclamou da falta de espaço da Kelly (outro ícone da Hèrmes) e ganhou um modelo em sua homenagem, é capaz de despertar sentimentos das mais diversas naturezas: admiração, inveja, ira (quando você vê alguém que aparentemente não "merece" a bolsa com uma a tiracolo ou sabe que Victoria Beckham tem uma coleção com 100!), mentira (lembra da Samantha em Sex and the City?), paciência, despreendimento financeiro...Os preços começam em US$ 8 mil, mas não sem antes a candidata penar em uma fila de espera que, em média, leva três anos, mas pode chegar a cinco. Feitas manualmente, com os couros mais incríveis do planeta, apenas na França, cada Birkin leva uma semana para ficar pronta. Da França, elas seguem para todas as outras lojas da Hèrmes no mundo. Para se ter uma, além de cash, é preciso esolher entre dois caminhos de Santiago: 1. entre na fila, espere e pague o preço "real" da bolsa. 2. procure em brechós ou arremate uma no ebay, mas cuidado: mesmo usadas, elas são muito, muito caras. O preço, baby, vai as alturas (vi algumas de croco por inacreditáveis US$ 55 mil), porque elas estão ali, disponíevis a um simples click, a trilha mais curta até a glória. Porque algumas coisas na vida não têm preço. Nem que você tenha o mais poderoso dos mastercard.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Intérpretes da moda


Minha relação com a moda sempre passou pelo visual, embora adore estudar história e estar a par de tudo que acontece. Mas, toda vez que abro uma revista, confesso: a primeira coisa que faço é ir direto para os editoriais. Por conta disso, quando decidi me especializar fiz pós em criação de imagem e styling. Foi bom, embora muitas vezes frustante, já que achava que chegaria à faculdade e teria aulas basicamente em um estúdio fotográfico, com a imaginação rolando solta - em um ano e meio, fizemos apenas um editorial. Mas as aulas teóricas, claro, valeram. História, Estética, papos totalmente livres com professoras queridas e muito inteligentes, como Rosane Preciosa e Cris Mesquita; trabalhos baseados em Bispo do Rosário, poemas, filmes...

Lembrei da faculdade hoje, lendo Stylist - the interpreters of fashion e visualizando os conselhos de Cris: jamais se "inspire" em outros editoriais - fato, infelizmente, corriqueiro por aqui. A moda deve ser multidisciplinar. Ou seja, olhar para as artes, cinema, música, viagens, pessoas e para a rua é muito mais autêntico e eficaz do que se basear naquilo que estão fazendo por aí. Grace Coddington, uma das minhas stylists preferidas, é prova viva da teoria. Mesmo em desfiles, quando todos estão em busca das tendências, ela fica alheia à movimentação. "Spots and stripes? Parkas? Urban sport? That bores me", diz em entrevista à Sarah Mower no livro. Talvez por isso ela seja capaz de criar incríveis editorais inspirados em Alice no País das Maravilhas, fazer imagens que reproduzem o mundo moderno - todos isolados, falando por Blackberry e protegidos por plásticos esterilizados - ou fotografar a casa da modelo Natalia Vodianova, mostrando seu filho, a bagunça ao redor e um look pronto para o Halloween, tudo agora, ao mesmo tempo. Moda é fantasia.

Outra stylist que admiro, Carine Roitfeld, hoje diretora da Vogue francesa, conta que sempre usou a própria intuição para criar as imagens sexy chic (lembra da Gucci, na época de Tom Ford? Teve o enorme pitaco dela) que fizeram sua fama. "Eu só transformo minha imaginação em fotos. Eu nunca fui punk. Nunca tingi meu cabelo de azul. Nunca fui uma ninfomaníaca. Sou uma mulher casada, com filhos", ela diz. "Mas não gosto da girl next door." Moda é ousadia. Já Melanie Ward, que ao lado de Corinne Day ajudou a mudar a cara dos anos 1990 propondo uma moda minimalista, que tinha Kate Moss como garota-propaganda, conta que sempre pensou em moda com algo simples, que pudesse ser vestido por qualquer um. "What is modern? I still believe in what the whole grunge thing pioneered: ease, effortless dressing." Moda também é vida real.

O mais bacana do livro é ver que, independentemente da fonte de inspiração, da história de vida e do jeito de encarar a moda, cada uma dessas grandes contadoras de histórias encontrou uma maneira particular de mostrar aquilo em que acredita. Como diz Anna Wintour no prefácio do livro, mesmo que a moda implique o efêmero, um grande stylist é como uma grande piscina de memórias; é lá que imagens extraordinárias estarão prontas para nadar.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Kit básico mulher de 30


kit de corretivos, Contém 1g.

Saia B.Luxo


A maquiagem acaba de entrar na minha vida. Faz parte da sensação "quero crescer" que tomou conta de mim ultimamente. De repente 30, estou adorando a moda que envolve ombros estruturados, saias-lápis e tulipa, bons saltos. E também descobrindo a diversão por trás de batons, pincéis e blushes. Uma das agradáveis surpresas que encontrei pelo caminho foi a linha de make da Contém 1 g. Ok, ela não é nada nova, mas, para mim, foi muito legal ver que uma marca brasileira e bem acessível tem cada vez mais produtos de alta qualidade. Já estava usando o pó, experimentei o rímel (a escova é boa) e tinha um trio de sombras bem bacana. Agora, acabei de ganhar uma linha de corretivos, com cara de profissional: verde, amarelo e lilás, eles seguem a teoria das cores e são perfeitos para disfarçar, com capricho, olheiras (amarelo) e espinhas (verde), por exemplo. Como são cores complementares, uma acaba anulando a outra. Ah, e tudo sempre vem com folhetos explicativos, com dicas de como passar os produtos - um tesouro para quem não é "iniciado" na arte de maquiar. Outra recentente "descoberta", pra lá de velha no mercado, foi o rímel Dior Show, dica da minha amiga e expert em beauty, Katiane Romero. Enquanto todo mundo é só elogios para o Fatale, da Lâncome, eu não via grandes resultados - o tipo da escovinha não me favorece. Já o Dior...bom, é show, para ficar no óbvio ululante (peça para alguém trazer de fora, se possível. Na Europa, custa pouco mais de 20 euros). E, voltando à moda propriamente dita, se você também está à caça de itens mais "mulher, mulher", vai adorar a saia bandagem da Mixed - é um pouco cara, mas é total espírito Hervér Léger. Opções mais em conta? Vasculhe em brechós, sempre um programa. No B. Luxo, fiquei sabendo que há várias. Vou passar lá e depois conto.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Só a bailarina


BB e Zizi: dois dos modelos mais clássicos da Repetto



Amo bailarinas - uma das minhas maiores frustrações é não ter levado o balé da infância a sério e não poder estar agora, de ponta, num municipal da vida. E, já que amor é caso sério, não perco a chance de ter um pouquinho desse universo ao meu redor: vou a espetáculos, compro ursas e até rãs com frufrus para minha filha, além de dar presentes "temáticos" para amigas. E sou fã, muito fã, da Repetto, marca francesa de 1947, que tem as melhores sapatilhas do mundo - para profissionais e amadoras fashion, que usam modelos da marca feitos sob medida para ganhar as ruas (o couro é o mesmo molenga, o cardaço faz ajustes, mas a sola é diferente). Na última vez que estive em Paris, não resisti e comprei três. Agora, meu fofo marido, que está lá para uma palestra na Sorbonne (très chic), foi incumbido da "missão" de me trazer mais três - acredite, depois que você usar uma vai viciar, já que não há nada mais confortável no mundo. As Repettos viraram febre na Europa depois que Kate Moss apareceu com uma nos pés. Mas foi outro ícone, Brigitte Bardot, que ajudou a imortalizá-las na década de 1950 - ela usou um par no filme "E Deus criou a mulher". Sarah-Jessica Parker também é fã. E Amy Winehouse que, vira e mexe, usa sapatilhas de balé por aí, com certeza, se apaixonaria. Vendida nas multimarcas mais bacanas do mundo, além da linda loja perto do Opéra (se for a Paris, não deixe de ir lá!!!), a Repetto (eba!) deve chegar ao Brasil este mês via Daslu (prometo que vou checar o dia certo e aviso). Pode apostar: elas são o grand finale perfeito para qualquer look.

Faça você mesma



foto: divulgação


Não sei quanto a você, mas eu já tive minha fase ponto cruz. Quando estava no colégio e pensava em casar (sim, sou bem mulherzinha, lembra?), adorava comprar toalhinhas pequenas, daquelas de lavabo, e bordar, na esperança de usá-las depois quando casasse - curiosamente, não sei onde nenhuma delas foi parar e meu interesse acabou antes mesmo de eu engatar algum namoro sério. Bom, isso tudo pra dizer, que eu adorei a idéia da designer de jóias Camila Sarpi. Fofa que só e supercriativa (ela tem um trabalho lindo com madeiras recicladas), Camila acaba de criar para a estilista Adriana Barra uma coleção de peças banhadas a ouro que vêm com um kit para bordar (o lançamento acontece amanhã, na loja da estilista). A idéia é que cada cliente personalize sua própria jóia. De quebra, elas ficam com aspecto handmade, perfeito para completar a moda boho, tendência forte da estação. Não é o máximo?

sexta-feira, 14 de março de 2008

Deles para a gente


Historicamente, foi Chanel (mais uma vez ela!) a primeira mulher a "roubar" peças do guarda-roupa masculino. Suéteres, calças de marinheiros, camisas brancas. Muitas e muitas décadas depois, a moda feminina gruda o olho na moda masculina - vide o nosso inverno, repleto de sapatos Oxford. Acho sempre divertido, desde que balanceado - nada de parecer andrógina, please, por isso, um batom vermelho sempre cai bem. Acho mais legal ainda pegar uma peça realmente masculina (feita sob medida para eles) - pode ser uma ótima opção para ficar na tendência e fugir da mesmice. Na estação passada, por exemplo, comprei uma maxicamiseta de georgette com póas do masculino do Alexandre Herchcovitch. Tá certo que poucos homens a usariam, mas ela estava lá na arara dos meninos. Como ela é grande, acabo usando como vestidinho - com sapatilhas fica o máximo! Nesta coleção, já estou de olho em uma camisa listrada com uma gola que faz as vezes de gravata, em uma preta transparente (foto) e em uma camiseta cheia de franjas (linda, linda, linda). O legal de pegar "direto da fonte" é que você surpreende e dificilmente acha alguém igual por aí. Além das peças do Herchcovitch, vi ótimos tricôs e chapéus na Forum masculina. Também vale a pena sempre dar uma olhada na Zara, já que os preços são ótimos. Só um detalhe: experimente tudo e só compre peças proporcionais ao seu tamanho, para não parecer herança de defunto. Como a modelagem masculina normalmente é maior, diminua um número do seu manequim. E bom troca-troca.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Marie vai com as outras


Foto: Divulgação

Acabei de fazer minha inscrição para ver Marie Ruckie, célebre diretora do Studio Berçot, que vem ao Brasil mais uma vez por intermédio da Escola São Paulo, de Isabella Prata. Ano passado, fui a um dos encontros, no Iguatemi, e ouvi Marie falar sobre o papel da imprensa de moda e um pouquinho sobre a moda brasileira. Francesa, com alta milhagem, Marie sabe muito das coisas e não poupa ninguém - disse, entre outras coisas, que tudo na moda já foi criado, então, é preciso pesquisar e muito para surpreender nos detalhes, como andam fazendo, by the way, os maiores criadores da atualidade: Balenciaga, Prada, Marc Jacobs. A pesquisa vai nos tecidos, na estrutura da roupa, no corte, já que não existem mais peças para serem inventadas. Marie também ficou chocada com os preços altos da moda brasileira (se ela checar as etiquetas do nosso inverno, com vestidos na casa dos R$ 5 mil, vai ter um choque, provavelmente!) - achou que o melhor custo/benefício estava nas Lojas Marisas, aquelas conhecidas por muitos como depósito de lingerie e camisola (na época, o Chic fez uma matéria sobre isso, com o divertido título deste post). Neste ano, pretendo ir aos cinco encontros, que vão debater, entre outras coisas, a moda como linguagem do nosso tempo e as novas carreiras do mundinho fashion. As cinco palestras custam R$ 300, mas há opção de ir a apenas uma, por R$ 70. Quem quer e pode se aprofundar, deve ficar com os workshops. Confesso que adoraria fazê-los também, mas o preço, para mim, não deu: R$ 2 900.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Butão fashion


Fotos: Cris Barros e The Dragon House, filme de 2005


Confesso que por ignorância geográfica/cultural, sabia pouca coisa sobre o Butão - é um país fechado, budista e espremido entre a Índia e a China. Mas parece ter algo que mexe com as pessoas e, voilà, com a moda. Primeiro, foi a estilista Andrea Simioni, que disse para minha amiga e jornalista Simone Esmanhotto: "Se você me perguntar se quero ir para Paris ou para o Butão, fico com a segunda opção." Bom, conhecendo a loja da Andrea e seu estilo, era até fácil de entender. Depois, foi a vez do meu médico e acupunturista, Rodrigo Scabello, soltar a máxima: "Prefiro conhecer o Butão a Índia". Hum, os dois têm seu quê alternativo-esotérico, imagino. Mas aí vem a estilista Cris Barros, famosa por vestir as margaridinhas de plantão (eu adoro o trabalho dela, by the way), e faz uma linda coleção de inverno inspirada no... Butão! Durante o lançamento para a imprensa, Cris falou que pesquisou um monte em livros, mas que não conseguiu ir até lá porque ficou doente bem na época da viagem - e olha que é superdifícil entrar no país, já que eles exigem visto e não estão nem aí para o turismo. Imagino que esse "hype" tenha tudo a ver com o momento oriente da moda: as golas dos monges, as cores terrosas, as flores do campo. Cris adaptou tudo isso e criou vestidos de seda com drapeados incríveis, por exemplo. Eles lembram o Oriente, mas fazem bonito em qualquer festa no Ocidente. Já Balenciaga fez ombros arredondados e criou estampas chinesas, quase kitsch. Também acho que países pequenos e praticamente isolados despertem cada vez mais a curiosidade, já que gigantes como a China estão cada vez mais ocidentalizados - olímpiadas, crescimento do PIB, desfile da Fendi, festa da Ferragamo...todo mundo tá indo pra lá, até as lojas C&A. Qualquer que seja o motivo, é sempre bom ver culturas tão diferentes traduzidas em panos e mangas. E quem se animar e quiser conhecer o Butão, é bom se preparar: conhecido como o reino do dragão, o país foi o primeiro país a abolir a venda de cigarros, vê com maus olhos a televisão e preserva hábitos seculares: alimentação, o tiro com arco (esporte nacional) e as vestimentas. A maioria dos albergues é simples e não tem água quente, e não espere topar com lojas, restaurantes ou bares. Ah, também não há quase telefones e é comum cortes de energia. É um lugar zen, que prega o desapego e está pouco interessado no consumismo. Mas que deve ajudar a vender muitas roupinhas, pelo menos no Ocidente.

terça-feira, 11 de março de 2008

Não dê de ombros


Lanvin e Alexandre Herchcovitch



Balenciaga e Givenchy



Marc Jacobs e Priscila Darolt

É bem verdade que os anos 1980 não sopraram com tanta força neste inverno. Mas, os ombros fortes, que tanto marcaram essa década, parecem que não vão sair de cena tão cedo. Os volumes que já apareceram em outras temporadas, agora, vêm mais estruturados, ora arredondados, lembrando armaduras, ora pontiagudos, para quem não teme parecer extremamente forte. Eu, particularmente, adoro, mesmo sabendo que para o meu biotipo não é tão fácil assim aderir à tendência - sou do tipo triângulo invertido, ou seja, meus ombros já chamam a atenção normalmente. O jeito, no meu caso, é assumir essa proporção, sem medo de ser feliz. A boa notícia é que para a maioria das brasileiras - que têm o quadril mais largo do que os ombros - esse tipo de peça ajuda a equilibrar tudo - se essa é a sua vontade, é claro. Independentemente do seu corpo, o mais bacana, acredito, é assumir esse lado mulher mulher, que sabe tomar a rédea da própria vida. Não sei quanto a você, mas, prestes a completar 30, estou adorando essa moda adulta e, ao mesmo tempo, sexy - dá só uma olhada no modelito Lanvin, com um ombro de fora e outro lá nas alturas...puro poder feminino.

quarta-feira, 5 de março de 2008

So far from Paris


Entre o vaivém de roupas nas passarelas no último SPFW, não dava outro assunto: todo mundo comentava a compra de marcas como Alexandre Herchcovitch, Zoomp e Fause Haten pelas novas holdings, formadas por grupos de investidores que prometiam colocar a moda brasileira no mesmo nível de competitividade que se tem lá fora. O que se dizia era que agora nossa moda iria alcançar um novo patamar de profissionalização. Na imprensa, não houve quem não citasse o grupo LVMH como exemplo de gestão, talvez na glamourosa esperança de que Paris fosse logo aqui. Bom, hoje, em uma matéria publicada no Estadão, o que se viu foi uma enxurrada de incertezas, dívidas e complicações envolvendo a maior dessas holdings made in Pindorama - a Identidade Moda - , que certamente vão ter de ser explicadas. Tudo parece bem estranho e a pergunta que deveria ser discutida é: por que ninguém questionou antes se essas holdings eram idôneas? De qualquer forma, a história poderia render um bom livro, tipo O Império do Efêmero. Ah, pena que o título já foi usado pelo francês Gilles Lipovetsky. Quem quiser (e souber) que conte outra.

terça-feira, 4 de março de 2008

Águas de março




Foi-se o tempo em que São Paulo era a terra da garoa - e olha que eu nem sou tão velha assim, mas lembro bem dos meus chuvosos e friorentos aniversários, em julho. Mas, como é sempre bom (e divertido) se prevenir, adoro essa moda waterproof que vem rolando de uns tempos pra cá. Andei fazendo minha parte: ano passado, comprei (finalmente!) um minitrench impermeável da Burberry (lindo, lindo). Na sequência, me apaixonei por um (nos mesmos moldes, só que verde bandeira e bem mais em conta!) da Zara. Agora, estou adorando ver as novas galochas, totalmente repaginadas e fashion (ok, já achava superdivertida a verdadeira sete léguas, mas as estampadas, confesso, são minhas preferidas). Grandes marcas como Pucci e Burberry têm os seus cobiçados modelos (minha amiga e editora de moda Susana Barbosa tem a sua xadrez linda, que usa toda vez que chove ou, pelo menos, ameaça...). A boa notícia é que agora marcas mais acessíveis também fazem versões hype - fui esse fim de semana no Iguatemi e vi modelos fofos na Noa Noa para crianças (Maria Clara adorou o modelo rosa, com carinha de gato) e adolescentes (a de caveirinha é fashion). Essas aí em cima são da Madri e dispensam maiores comentários - onça nos detalhes é um clássico e argyle é a padronagem do inverno.

Arouche nos Jardins





Fiz uma matéria no comecinho do ano passado mostrando o boom de stylists que passaram para o outro lado do balcão e resolveram abrir marcas próprias - o caso mais famoso é o de Dudu Bertholini, que criou, ao lado de Rita Comparato, a Neon e hoje também está à frente do estilo da Cori (adorei a coleção, aliás). Quando conversei com Dudu para saber o que o motivou e falar sobre esse "movimento", ele me deu a dica da D´Arouche, marca de David Pollak e Carolina Glidden-Gannon, que estava saindo do forno. Conversei com David, vi as peças e, na época, achei ótima a idéia de criar básicos com um jeito nem tão básico assim - botões antiguinhos, cortes modernos, tudo ajuda a fazer da camiseta preta algo a mais que uma simples camiseta preta, mas ainda assim com a função da camiseta preta (ufa!). O nome da marca foi inspirado no ateliê da dupla, então instalada no charmoso, mas um tanto quanto decadente, Largo do Arouche. Agora, em novo endereço, as margaridinhas do circuito Jardins já podem se animar com as criações da dupla: a nova loja fica na Alameda Franca, no novo e animado Alto Jardins (do lado tem a loja do Sommer, a Garimpo-Fuxique, a Fabia Bercseck...). Vale a pena passar lá, principalmente em clima de pré-estréia Sex and the City. Ex-assistente de Patricia Field, Carol conseguiu engatar um vestidinho preto lindo da marca no filme mais aguardado pelas fashionistas. Se animou? Então, corra, porque o modelo é do verão.