sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Roupa nova

Vocês já devem ter percebido que, em um mês, mudei três vezes o layout desse blog. Pois é, ainda não consegui me definir. Assim como minhas roupas mudam de acordo com o meu humor, as cores e formatos desse blog vão e vêm. Uma hora eu fecho com um estilo. Ou não...Esse é em homenagem ao momento minimalista da moda :)

Tailoring: guarde essa palavra

Fotos: Márcio Madeira/ style.com


Há algum tempo que a moda vive de se reinventar. Como Marie Ruckie disse, ano passado aqui no Brasil, faz décadas que os estilistas criaram saias, calças, vestidos. O que fazer então com um calenderário cada vez mais apertado, com coleções de inverno e verão espremidas pelas resort collections? A resposta é simples. Corte, meu bem. A alfaiataria tem sido o recurso mais moderno utilizado pelos designers que fazem diferença hoje. É em cima da proporção roupa/corpo que nasceram as imagens mais impactantes das últimas temporadas: os blazers com ombros pontiagudos de Margiela, as ombreiras-armaduras de Balenciaga no verão e os ombros arredondados, orientais, agora no inverno. Stefano Pilati deu sua contribuição, com direito à medalha de honra ao mérito, no desfile da Yves Saint Laurent, ontem, em Paris. Um desfile minimalista, moderno e clássico, ao mesmo tempo, em que reinam calças, casacos e blazers com novos cortes, que à princípio causam estranhamento, mas que devem se firmar como hits absolutos (tudo é chic, adulto e eu estou adorando essa moda "mulher de 30"). A imagem austera das roupas, é "quebrada" por robóticas perucas pretas, com franjas que cobrem os olhos das modelos (lembrei de um desfile antigo do Alexandre Herchcovitch), óculos à la Matrix, batom preto e plataformas very sexy. Sobre as referências, Pilati resumiu, em entrevista ao style.com: "Só queria que o desfile fosse sobre o corte, sobre olhar para as roupas. Eu não acho mais que você vai sair por aí fazendo propaganda de uma marca. Você só quer sentir orgulho de andar na rua." Não é o máximo?

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

+ Bazar


Garage sale



Mika Franco, amiga e superprodutora de moda, faz hoje e amanhã, junto com a designer Dani Ricci, um garage sale que promete. Antenadíssima, Mika é do tipo de gente que consegue encontrar uma sandália bacana no supermercado (ela comprou uma para mim por R$ 49), descobrir uma lojinha na Augusta que vende peças da Kate Moss para a Top Shop ou sacar da manga itens importados, como um colar de bolinhas de murano que poderia estar na nova coleção de jóias da Dryzun. Nas palavras dela: "Venderemos roupas, sapatos e acessórios nossos que, por algum motivo, não estamos usando mais. Mas atenção: não vai ter nada velho, bagaceiro, muito menos cafona. Tudo bacana por uma pechincha." Vale a pena conferir. O bazar rola na rua Augusta, 2862, 10 andar, sala 02, das 13 às 18h.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Le diabolique


Aos 11 anos ele já bisbilhotava as revistas de moda da mãe em busca de inspiração para os desenhos que fazia. Mas, àquela altura, seus pais certamente não podiam imaginar que Nicolas Ghesquière se transformaria em um dos estilistas mais influentes da moda. Foi em 1997, quando assumiu o estilo da então decadente maison Balenciaga, que Guesquière começou a traçar uma trajetória fulminante na moda. Revirando os arquivos da grife, aprendendo "direto" com o mestre Cristobal, o jovem estilista começou a sacudir as passarelas de Paris com coleções tão modernas que (ora!) lembravam o próprio Balenciaga. A última demonstração de passado, futuro brilhante aconteceu ontem, em Paris. A coleção de inverno 2008/2009 da Balenciaga é forte, sexy, chic e futurista, com direito a muito plástico e latex. Mesmo assim tem um pé nos anos 50 e 60 que, possivelmente, fazem Balenciaga (no alto do Olimpo fashion) sorrir. "Queria algo austero, mas com uma pitada de drama espanhol", disse Nicolas, em entrevista à Sarah Mower no style.com. O resultado da mistura pôde ser visto em saias e vestidos com fendas e recortes angulosos - a arquitetura sempre teve papel fundamental na maison -, calças skinny com recorte, spencers com ombros arredondados, que ganham toques orientais (em 1946 Balenciaga fez redigontes com mangas-quimono), botas longas e claras e estampas inspiradas na chinoiserie. Cada look arrematado por uma incrível bijoux. Cada look um exercício perfeito de corte, costura e sonho. Assim como a boa moda deve ser.

Onças e onças



Sempre fui uma defensora feroz das onças. Ao contrário do que muita gente pensa (meu marido incluído), não acho que as estampas "animais" sejam sinônimo de peruíce ou breguice. Mas, pera lá, cada coisa em seu lugar. Toda vez que eu penso em onças, lembro, por exemplo, do anel da Cartier: chic, chic, chic. Aciono também o lado étnico do bicho e adoro caftãs com animal prints - o corte e o tecido da peça automaticamente "desmontam" qualquer possibilidade kitsch . Para mim, a grande sacada é não levar o bicho tão a sério, tentar dar uma "quebrada" no ar chamativo que a onça tem. Nem sempre, é claro, dá certo. O último exemplo aconteceu no Oscar. A blogger e autora do roteiro de Juno, Diablo Cody, elegeu um vestido de onça da Dior para o red carpet. O "problema" foi o conjunto da obra: onça + bordado + brinco de caveira + tatoos enormes no braço + batom vermelho. Nesse caso, menos seria mais. Uma onça sozinha já faz barulho de sobra. Prefiro versões mais sutis. Na dúvida, garanta uma reserva florestal nos detalhes. Quer coisa mais fofa do esse chapéu da DKNY? Ruge, mas não afugenta ninguém.

And the Oscar goes to






















Cate Blanchet: Dries Van Noten + jóias Lorraine Schwartz (olha só a esmeralda!)



Jenniffer Garner: pretinho nada básico, byOscar de la Renta



Anne Hathaway: o melhor vermelho da noite, por Marchesa



E o meu predileto: Tilda Swinton preto, de um ombro só, Lanvin.



















Fotos: http://www.oscar.com/

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Eu quero uma casa de campo

Cavalera e Do Estilista: ordenha e noites na fogueira.


Hèrmes: montaria.
Reinaldo Lourenço: festa do interior

Prada de Casa



Acabo de ver o desfile da Prada, inverno 2008. Cores e comprimentos sóbrios - leia-se muito preto e longuete na veia -, camisas sociais no bom e chic azul Oxford, vestidos retinhos e caretinhas (adoro), sandálias voadoras (parecem ter asas e pedem para voar para minha sapateira) e o melhor: muita, mas muita renda preta, que me fazem lembrar um vestido muquifado no meu guarda-roupa há mais ou menos doze anos, esperando só uma oportunidade para sair de lá - será que agora vai? Pelo andar da carruagem fashion, acho que sim. É impressionante como a cada temporada dona Miuccia nos faz ter as mais diferentes vontades: mohair, degradês, franjas, saias cinquentinhas, florais, pijamas...Difícil escolher uma coisa só. Mais difícil ainda poder bancar. Melhor adaptar o vestido de renda antigo.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Alho por bugalho


Você sabia que pashmina é uma matéria-prima, a parte mais fina da já fina lã das cabras do Himalaia, e não um xale, como costumamos ouvir por aí? Chic, chic, chic. Quando um camelô de NY te oferecer uma pashmina por US$ 10 ou quando a amiga disser que vai sacar uma da bolsa, desconfie.

Nasce uma estrela




Broche Cometa, Chanel, reedição 2005.
Yves Saint Laurent, verão 2007.







Quem nunca cansou de procurar o Cruzeiro do Sul? Ou de contar as Três Marias? Ou de passar noites apontando para o céu? Eu sim. Lembro que na minha infância, quando São Paulo parecia ter mais estrelas e menos estresse, passava horas observando o céu, na dúvida se podia ou não apontar para elas. A curiosidade típica das crianças - como elas se formam, quantas existem, por que brilham, já morreram - foi pouco a pouco se apagando, mas o fascínio não. Hoje, vira-e-mexe, fico encantada com estrelas que, se não reluzem no céu, brilham - e muito. Passei meses namorando o anel de brilhantes em formato estelar da H.Stern. Semanas pesquisando as jóias da Chanel (ela que era defensora feroz das jóias de "fantasia" criou, em 1932, uma coleção inteira de jóias com muitos quilates de diamantes, inspirada no Cosmos). Minha última estrela cadente apareceu no desfile de verão da Yves Saint Laurent, no formato de sandálias para colecionar, broches e estamparia. Se alguém vir um pontinho brilhando por aí, faça um pedido!

Cavalli novo?



Confesso que sempre torci o nariz para a imagem sexy, sexy, sexy de Roberto Cavalli. Achava exagerado, sinônimo de perua mesmo. Das duas, uma: ou ele mudou, ou mudei eu. Nos últimos desfiles, a marca do italiano, conhecido pelos justos + bichos, ganhou em suavidade e jovialidade (palavrinha horrível, né?). Comecei a pensar em Cavalli com carinho e considerá-lo para habitar o meu armário, mesmo que hipoteticamente, na temporada de spring 2007. Os toques masculinos, os cintos de pedra, o show de cores vivas
(amo o look da Freja, de saia verde e blusa azul), a barriguinha de fora, com classe, no look pantalona + blusa bordada preta. Tudo parecia bom. Ainda com um pé atrás, achei cedo para pensar em mudança e tinha até certa vergonha de dizer em alto e bom som: "sim, gostei do Cavalli." Pausa de alguns meses, coleção winter 2007: calças de montaria, vestido de oncinha meio retrô, toques de aviador, cores sóbrias, salpicadas por dourados de arrasar. Bom, bem bom. Spring 2008: aquele vestido branco é de laise?!, franjas, delicados florais boho chic...Bom, muito bom. Ok, ele mudou, ou mudei eu. Aguardo o inverno para confirmações.


PS: Se alguém souber o que de fato aconteceu, me avisa!

Quero ser centopéia














Como toda mulher que se preze, tenho loucura por sapatos. Altos, baixos, botas, gladiadoras, scarpins. A contabilidade vai longe e a sapateira (na verdade, o roupeiro, transformado em sapateira) reclama. Mas não adianta, por mais que tenha a certeza de que sim, há sapatos suficientes, a cada temporada, uma das primeiras coisas que corro para olhar é o pé. Na temporada do SPFW, a ankle com salto geométrico do Alexandre Herchcovitch é a minha preferida. Amei as cores, o desafio (será que é fácil caminhar?), a criatividade. Também gostei da série scarpins: Giselle Nasser, com correntinhas no peito de pé, André Lima by Paula Ferber, very sexy, Cori, de tartaruga. No Rio, fico com a sandália gladiadora da Cavendish (com meia). Lá fora, bom, lá fora é uma longa história. Amo a solinha vermelha Louboutin (tenho uma amiga que conseguiu um par por R$ 300 no Trashchic), Pierry Hardy, Repetto...Isso sem falar nos de sempre: Marc Jacobs (o do verão é absurdo, impossível de andar!), Prada (sold-out quase sempre nos it-shoes), Chanel (me arrependo até hoje de não ter comprado uma rasteira chic, chic, que vi na Bergdorf e meu marido, no alto de sua sabedoria, me mandou levar!). Bom, tudo isso pra dizer que agora (e sempre) é uma boa hora para comprar seu companheiro de ruas e avenidas. Reserve o do seu desfile preferido, corra para as liquidações (vi lindas sandálias na Isabella Giobbi e pechinchas na Cavalera), sonhe. Eu já estou com minha listinha pronta, pronta para enfiar o pé na moda. E superansiosa para ver o novo modelo da Tao Galeria, feito pela Maria Prata. :)

domingo, 10 de fevereiro de 2008

Ano do rato


Acabo de receber a revista da Daslu e confesso: fiquei com uma pontinha de inveja nada branca. Na edição passada, eles estavam na África; agora, foram para a China. Ok, todo mundo que trabalha com moda sabe que é a maior ralação, mas...nesses casos, a vista parece compensar a mão de obra...
Enfim, queria mesmo era falar sobre a China, esse gigante que vai dar o que falar em 2008 por conta, todo mundo sabe, das Olímpiadas e do recente crescimento - 9% ao ano, nada mal para quem saiu de Mao e ainda vive sob sistema político fechado (li As boas mulheres da China e chorei muitas vezes de ódio por pensar como tanta gente achou que a "revolução" era algo bom, pra ser copiado). Mas, apesar ou por causa de tanto paradoxo que envolve essa terra milenar (violência x opulência, estranhamento x fascínio), morro de vontade de conhecer. Tudo lá parece ser prato cheio para a moda - das sedas às pedras de jade, quem pode resistir? Vi na Faap há algum tempo a exposição "China" e fiquei embriagada com as porcelanas Ming, com os dragões da dinastia Qing e com a arte do cotidiano que eles tão bem fazem: seja em um simples chapéu de palha, seja nos colarinhos em forma de tigre, usados pelas crianças em seus primeiros aniversários. Também sou fã dos filmes de Zhang Yimou e confesso que sempre ficou deslumbrada com as imagens dos tecidos coloridos voando em cenas de Hero (foto) ou O Clã das Adagas Voadoras. É interessante ver também, num plano mais amplo, como diversos estilistas que estão dando o que falar (vide Phillip Lim, em matéria de Daniela Falcão, na Vogue) são descendentes de chineses ou orientais, com toda a cultura artesã que isso envolve - mães costureiras, por exemplo, são artigo recorrente. Acho que é chegada a hora de pôr o mandarim em dia, colocar os melhores vestidos de cetim na mala e reservar logo a passagem.

Cabelo, cabeleira, descabelada


Numa recente entrevista à revista Elle, a designer de sapatos Constança Basto dá uma valiosa dica de estilo: invista em um bom corte de cabelo. Afinal, ele é um "acessório" que vai te acompanhar por muito tempo. Muito antes de ler a matéria, já pensava como Constança. Um corte bacana e a cor certa não mudam apenas o look. Mudam o humor. Bom, pelo menos, o meu. Sempre que começo a achar que algo está errado ou chato ou que é hora de uma reviravolta, não tenho dúvida: vou ao salão de beleza. A verdade é que eu vario bastante - tanto o corte e a cor como o salão. É difícil me apegar... Já fui ruiva, loira, morena, castanha (minha cor original é loiro escuro), já tive cabelão, já raspei, já tive Joãozinho e Chanel - o do momento está assim, com franja, algo meio Cleópatra, segundo o meu cunhado... Mas já estou enjoando e achando que é hora de mudar. É como uma terapia instântanea, que não faz mal a ninguém (só quando fica um horror e você chora muuuuuuito depois, mas isso é outra história), e como brincar de "boneca" com você mesma - eu adorava mudar a cara das minhas Barbies na infância. Poucas coisas na vida são tão fáceis de mudar e, ao mesmo tempo, tão reconfortantes - afinal, mesmo que nada saia como o planejado, você sempre tem a certeza que aquilo não é para sempre. Acho que vou ligar pro Klaus (meu cabeleireiro favorito no momento) agora.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Pegando jacaré






Criada em 1933 pelo tenista René Lacoste, que ganhou o apelido de crocodilo graças a sua agressividade em quadra ( daí o símbolo da marca), a Lacoste foi por muitos anos, como era de se esperar, sinônimo de roupas chics para tenistas de todos os níveis e idades - lembro dos meus primos de Sorocaba com uniforme completo e das sainhas que sempre quis usar em quadra, mas nunca tive coragem (achava que era demais para o meu tênis parco). Eis que, muitas décadas depois, a marca, hoje sob o comando de Christophe Lemaire, continua sua trajetória esporte fino, mas, desta vez, busca inspiração em outras modalidades. Na coleção de inverno 2009, desfilada no último dia 2, em NY, Lemaire contribuiu para deixar o ski ainda mais glamouroso: calças, botas, muitos cachecóis e até fofos protetores de orelha passearam pela passarela. E o melhor: tudo em uma cartela suave, em tons de gelo e muito cinza. Adorei ver também os chemisiers xadrezes e as meias 7/8, quero já. Ah, e nem precisa ir para Aspen, Vale Nevado ou Bariloche. Pode usar na rua mesmo, assim que a temperatura permitir, é claro.

Uniforme novo

Lembro até hoje (com pesar) do meu uniforme de escola: azul-marinho, de helanca, com camiseta de algodão branca e só. Nada feminino, variação zero. As crianças de hoje são, com certeza, mais felizes. Hoje, primeiro dia de aula da minha filhota, Maria Clara, cinco anos, vaidade extrema, fui comprar a "coleção" verão/inverno da escola: 3 modelos de vestidos (um jeans, um de algodão amarelo e cinza mescla, um de linho), shorts-saia, twin-set, malha de lã, jaquetas, camisas pólo, T-shirts com ou sem manga longa, calça capri, calça jeans, calça de moletom... a lista é enorme. Até a Maria Clara, com seu alto grau de exigência fashion, ficou feliz da vida. Nada como a evolução natural da espécie.

Carnavalzen


Vários dias sem postar, sorry. Estava "internada" em Atibaia, com muitas crianças, marido, bota de montaria e biquíni de onça da Peppa (marca nova e fofita, visite o site www.peppa.com.br), porque há de se manter a pose mesmo no meio do mato! De volta à ativa, de olho em NY, logo mais faço um resumo do que + gostei, das mudanças (Lacoste bem mais do que Jacaré, Hello Haslton etc) e dos looks para se inspirar e usar já. Aguarde.